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Órfãos de Amsterdã | Resenha

  • Writer: Michelle Leonhardt
    Michelle Leonhardt
  • Apr 30, 2024
  • 6 min read

Oi gente, tudo bem?


Fiquei um tempo sem aparecer por aqui. Andei um pouco parada com as leituras desde o último post. O fato é que eu não li muita coisa e fiquei com uma certa preguicinha de escrever sobre as leituras que eu fiz. (Desde lá eu li somente 10 livros - um deles foi uma releitura).


A gente passa por essas fases, né? É normal ter momentos mais ativos e outros mais quietos. A inspiração para voltar aqui veio da última leitura que eu fiz já que eu li um livro de guerra e fiquei pensando que essas pessoas não podiam ter "preguiça" pois isso custaria a vida delas, né?


Então fiquem com as minhas impressões sobre um livro não tão comentado no mundo literário, mas muito interessante.



Foto autoral de capa do livro Órfãos de Amsterdã

Título: Órfãos de Amsterdã

Autor: ElleVan Rijn

Editora: Melhoramentos

Ano: 2023 (Brasil)

Páginas: 304

Gênero: Ficção Holandesa, Ficção Histórica, Segunda Guerra Mundial

Título Original: De crèche

Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐ (4/5)


Sinopse: Baseado na comovente história real de uma jovem comum que arriscou tudo para salvar do nazismo inúmeras crianças que tinham como destino Auschwitz.

A creche na qual a jovem Betty Oudkerk trabalhava foi transformada pelos alemães num espaço para onde as crianças judias são encaminhadas – e lá aguardam o transporte em direção aos campos de concentração. Mas Betty e suas amigas funcionárias da creche se recusam a aceitar o destino que os nazistas querem dar a esses meninos e meninas.

Elas escolhem pôr em risco as próprias vidas para salvar centenas de inocentes, enquanto nas ruas da cidade o dia a dia se torna cada vez mais assustador para os judeus. Essas mulheres lutaram dia e noite não apenas para salvar centenas de crianças da morte anunciada, mas para dar a elas a esperança de um futuro.

"Órfãos de Amsterdã" é uma história extraordinária de resistência – uma leitura emocionante, que fará você chorar, mas também refletir. Elle van Rijn se inspira no relato de Betty Goudsmit-Oudkerk, que antes de falecer teve uma longa conversa com a autora, para nos apresentar a um livro capaz de tocar leitores de todas as gerações.


--

O livro trata da história de Betty, uma jovem judia de 17 anos, que vê sua vida ser modificada pela guerra.


No começo, acompanhamos Betty recebendo com surpresa a notícia de que vai se formar um ano e meio antes do tempo na Escola Cristã de Ciências Domésticas. Por ser judia, ela passa a não ser mais interessante para ser mantida como aluna da escola. Assim, um pouco perdida, ela acaba entrando no programa de formação de professores de creche do berçário judaico e lá começa efetivamente a trabalhar com crianças.


"Pelo certo, eu teria mais um ano e meio de escola pela frente. A diretora disse que havia uma razão especial para isso que não podia detalhar. Olhei ao redor da sala. Foi aí que a ficha caiu: éramos todas meninas judias." (pág. 11)

Betty, ainda tão jovem, não consegue perceber o quão assustador é tudo que está acontecendo no seu entorno. Ela ainda está muito imersa na sua própria vida, nas mudanças pelas quais ela está passando com a sua família, preocupada com o seu próprio futuro.


"O espírito humano é aparentemente tão flexível que nos permite esquecer grandes dores em troca de pequenas dores. Mas estou aliviada: arregaçar as mangas é sempre mais produtivo do que preocupante." (pág. 35)

Ela fica sabendo que a creche onde trabalha, antes uma instituição que atendia judeus e não judeus, passa a ser segregada para atender unicamente crianças judias, contando com professoras também unicamente judias. À medida que o tempo vai passando, Betty vai percebendo as mudanças que sinalizam a ela que a guerra e o cerco judeu está se intensificando.


Acompanhamos Betty inicialmente brincando com as crianças e aprendendo sua profissão de uma forma bem lenta, até o momento em que a creche se afilia ao Teatro Holandês (parte do esquema de deportação do governo). Neste ponto da história, Betty passa a ter acesso ao interior do teatro, onde as famílias são levadas para esperar a deportação, com o objetivo de contabilizar e buscar as crianças, que ficam sob os cuidados da creche até o dia que devem se juntar aos pais para fazer "a viagem".


É aí que a história vai ganhando mais velocidade, mais ação. Ao começar a frequentar o teatro, ela percebe que as coisas estão mudando muito rapidamente, além de se dar conta de que outras pessoas estão vivendo uma realidade bastante assutadora comparada com a dela.


"Há apenas dois banheiros e o cheiro é insuportável. É como se urina velha, diarréia e vômito lutassem entre si para ver quem é o mais forte. Até a menina está segurando o nariz com a mãozinha." (pág. 103)

E assim, através dessa tomada de consciência, Betty vai enfim fazer parte da resistência, da forma que consegue. Ela vai seguir seu caminho e arriscar sua vida ajudando a salvar as crianças que cuida, realizando feitos extraordinários para alguém tão jovem.


"Você é corajosa. Mais corajosa do que eu. Mas essa também é sua fraqueza.
-- O que você quer dizer?
-- Você não sabe o que é medo. As pessoas que não conhecem o medo tendem a ser menos cuidadosas. É por isso que são menos propensas a sobreviver." (pág. 206)


Opinião


Livros cujo enredo tem como pano de fundo a segunda guerra são os meus preferidos e isso não é novidade nenhuma por aqui. Apesar de tudo que aconteceu no período, são histórias que me marcam profundamente. Acho muito difícil não gostar de livros com essa temática e dessa vez não foi diferente.


Órfãos de Amsterdã é um livro curtinho e os capítulos são organizados de uma forma interessante: em todo início de capítulo há uma breve introdução através de uma explicação de eventos importantes na política ou economia em voga naquele momento. Somente após essa pequena explicação (geralmente um parágrafo escrito em itálico) é que o capítulo foca na continuação do desenvolvimento da história das personagens. Dessa forma, o leitor sabe situar como essas mudanças vão impactar a história de todos os envolvidos.


Outro ponto bem positivo nessa leitura é o fato de se tratar de uma ficção inspirada em uma história real. A autora conheceu a professora da creche que inspirou a história, chamada Betty Goudsmit-Oudkerk, e nos apresenta uma nota histórica bem interessante contando sua experiência, além de toda a bibliografia utilizada para nos trazer os fatos da forma mais próxima possível de como ocorreram.


Eu gostei bastante dessa leitura. Apesar de ser um livro de guerra, os acontecimentos não são narrados de forma tão descritiva como em alguns outros livros da mesma temática. Não posso dizer que são suaves (porque seria minimizar tudo que foi vivido na época), mas a narrativa sugere (sem mostrar) aquilo tudo que já sabemos que aconteceu e foca mais no dia a dia das crianças e das professoras, bem como nas articulações de Betty e da diretora para salvar as crianças.


Consegui me identificar com as protagonistas, achei que a autora conseguiu traçar um bom elo para os leitores entenderem o que as motivou a participar de tudo, cada uma com as suas próprias nuances de personalidade. Betty, por exemplo, no começo não sabia de nada que acontecia na creche fora os afazeres normais, mas foi percebendo aos poucos que algo não estava certo.


"Eu amo escrituração. Eu gostava de ajudar meu pai a acompanhar nosso estoque e fazer novos pedidos. Talvez seja por causa dessa experiência que eu saiba identificar tão bem quando algo não bate. As crianças a mais que descobrimos no teatro de repente não estão mais lá." (pág. 115)

Como ponto negativo, eu particularmente não gostei de alguns pequenos trechos que foram colocados na história e que não entendi o motivo de estarem ali, mais especificamente um capítulo inteiro (pra quem está curioso, capítulo 19). Na minha opinião, o capítulo fugiu um pouco de toda a temática e não fez nenhum sentido, me peguei perguntando o motivo de ter um capítulo inteiro onde o assunto principal foi colocado em segundo plano para descrever em detalhes algo que uma simples menção do acontecimento poderia ter o mesmo efeito no desenvolvimento da história. Não vou mentir, esse foi o grande motivo de eu ter tirado uma estrela na avaliação.


Fora essa objeção, achei a história muito interessante, daquelas que a gente vai lendo e procurando fotos e mapas na internet, pesquisando e ficando mais curioso com o que vai acontecer.


Recomendo muito!



Gostou da resenha? Já leu o livro? Conta pra mim nos comentários, vou adorar saber sua opinião!

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