Série Bullet Journal na prática #4: coleções
- Michelle Leonhardt
- Oct 8
- 6 min read
No post passado expliquei o funcionamento do registro rápido e dos marcadores. Agora chegou a hora de explicar o conceito de coleções, que representam a estrutura de todo o bujo.
O que são as coleções?
No método bujo, as coleções representam todos aqueles assuntos que desejamos registrar e que se relacionam, de alguma forma. Ryder Carroll faz uma analogia do método com o brinquedo de blocos de montar Lego: o bullet journal é projetado como uma série de blocos, cada um com uma utilidade.
Considerando a analogia, as coleções existem para reunir todas aquelas informações que fazem sentido para você e que se relacionam. Por exemplo: uma lista de compras, o planejamento de uma viagem, a organização de uma festa, as séries que você quer ver, a lista de pratos que quer preparar na ceia de Natal, os exames que precisa fazer, a matéria que cai naquela prova...
Não importa que informações precisa ordenar: sempre haverá uma coleção para elas (p.97)
Essas coleções podem ser maiores ou menores, podem ser mais permanentes ou somente temporárias, ou seja, cada coleção vai refletir as particularidades de seu próprio dono/criador.
E quais são as coleções que o método propõe?
Ryder Carroll propõe quatro coleções principais para ajudar a organizar a nossa vida: o registro diário, o registro mensal, o registro futuro e o índice. Abaixo vou falar um pouco de cada uma delas.
Registro diário:
O registro diário é uma coleção pensada para que você possa registrar as coisas que acontecem nos seus dias: suas tarefas, seus eventos, suas anotações. É onde se documenta toda a sua experiência naquele dia.
Aqui vai algo interessante do método que eu fui aprendendo na prática: ele é livre e as pessoas usam para diferentes funções. Tem gente que prefere usar como um diário mesmo, registrando o que vai acontecendo ao longo do dia, tem gente que prefere usar como um lugar para planejar o dia (criar uma lista de tarefas mesmo, antes do dia começar, logo pela manhã). Outras pessoas preferem fazer um combinado das duas coisas.
Se pegarmos o exemplo do post anterior, percebemos que foi usado como um diário, registrado, hipoteticamente, ao final do dia. Percebam que há uma tarefa iniciada mas não finalizada ("Arrumar malas para passeio amanhã") e que gerou uma tarefa que ainda não foi completamente cumprida ("Pegar roupas na máquina").
Dia X
° Reunião
– Durou algumas - difícil
– Cliente importante - alavancar a empresa
° Comemoração no bar com amigos
– Esperando um filho
! – Nome: Jotalhão
/ Arrumar malas para passeio amanhã
• Pegar roupas na máquina
O uso como diário é interessante, mas pode gerar tarefas que você não vai realizar no mesmo dia. Tudo bem, a organização do registro diário pode ser adaptada para aquilo que funciona para cada um.
Registro mensal:
O registro mensal foi construído para ser aquele lugar em que você registra tudo que planeja fazer em um determinado mês. Ele é composto de um calendário e de tarefas.
No calendário você pode anotar todos aqueles compromissos com data definida, sabe? Nas agendas comuns, seria aquela página em que temos quadradinhos para cada dia do mês. O uso é simples: se eu tenho em evento no dia 12, então coloco lá. Assim, você tem uma visão geral do seu mês.
A segunda parte, a lista de tarefas, seria o lugar dedicado para anotar, de alguma forma, as tarefas sem data específica do mês em questão. Tudo aquilo que você quer ou precisa fazer no mês, mas que não importa se fizer hoje ou amanhã.
O autor sugere um modelo específico, que pode ser encontrado nesse site: https://bulletjournal.com/blogs/bulletjournalist/back-to-the-basics
Entretanto, a forma como você prefere manter esse registo deve refletir o que funciona para você. Lembre-se: a idéia central é a de se ter um registro do mês de forma resumida, pois o detalhamento é feito via registro diário.
Registro futuro:
Até agora sabemos como registrar e acompanhar nossas tarefas diariamente ou mensalmente. Entretanto, se estamos utilizando um caderno simples e não datado, como registrar as tarefas que só acontecerão daqui alguns meses?
No exemplo que estamos usando, vamos supor que a pessoa recebeu uma ligação mais tarde no dia e foi convidada como madrinha ou padrinho do bebê filho do casal de amigos que vai nascer. E que essa pessoa queira proporcionar a organização do chá de bebê aos futuros pais. Se colocarmos isso no registro diário ficaria assim:
Dia X
° Reunião
– Durou algumas - difícil
– Cliente importante - alavancar a empresa
° Comemoração no bar com amigos
– Esperando um filho
! – Nome: Jotalhão
/ Arrumar malas para passeio amanhã
• Pegar roupas na máquina
° Amigos ligaram me convidando como padrinho do Jotalhão
– Fiquei honrado!
• Organizar chá de bebê.
Perceba que registrar isso como uma tarefa no dia em que aconteceu não ajudaria muito. Se estivermos em maio e o chá de bebe só for ocorrer em outubro, provavelmente essa pessoa não vai lembrar onde registrou isso para marcar a tarefa como concluída. Ou não vai lembrar que essa tarefa precisa ser iniciada em uma determinada data. Ou ainda: vai apenas registrar isso mentalmente e ficar constantemente tendo que reforcar essa memória.
Poderíamos usar o registro mensal para isso então?
Não. O objetivo do registro mensal é documentar o mês corrente. Se o chá de bebê só acontecerá em outubro, teoricamente ainda não teremos essa coleção pronta no bujo. Até é possível registrá-la no mês corrente e transferir todo mês para a nova coleção de registro mensal, mas isso não otimiza a coisa toda.
Para esse tipo de caso é que existe o registro futuro. Ele é aquele local desenhado para guardar todas as tarefas que só irão acontecer em um período mais distante, mas que devem ser registradas para que não sejam esquecidas.
Para realizar o registro futuro, basta que se tenha um espaço no início do seu caderno com todos os meses do ano listados. Em cada mês, você vai colocando aquelas tarefas e eventos que você só vai precisar olhar mais pra frente. Pronto, suas tarefas e compromissos estão salvos (tal qual uma agenda datada permite).
É interessante, se você quiser, fazer o registro diário desse tipo de situação para fins de documentação. Isso permite que você possa se lembrar exatamente do dia em que as coisas aconteceram, apesar de não ser uma necessidade. Seu registro futuro é algo que estará pronto previamente, então tudo que você colocar ali não precisa necessariamente passar pelo registro diário.
No exemplo acima, poderíamos realizar a seguinte marcação no registro diário:
Dia X
° Reunião
– Durou algumas - difícil
– Cliente importante - alavancar a empresa
° Comemoração no bar com amigos
– Esperando um filho
! – Nome: Jotalhão
/ Arrumar malas para passeio amanhã
• Pegar roupas na máquina
° Amigos ligaram me convidando como padrinho do Jotalhão
– Fiquei honrado!
< Organizar chá de bebê.
Usamos nesse exemplo o marcador de transferência de tarefa, mostrando que aquela tarefa foi "tratada", ou seja, ela surgiu naquele dia, sabemos o que fazer com ela e quando e registramos para futuramente colocar a tarefa em ação.
Esse gancho do registro futuro é o que vai facilitar a explicação das coleções personalizadas...
Coleções Personalizadas:
Para explicar o conceito das coleções personalizadas, vou utilizar o nosso exemplo: o padrinho do Jotalhão decidiu presentear os amigos organizando o chá de bebê. Só que isso só vai acontecer em outubro e o mês corrente é maio. Porém, o padrinho já quer ir pensando e pesquisando como fazer um chá de bebê já que ele nunca fez isso na vida. Provavelmente, ele terá que pesquisar sobre chás de bebê, vai pedir dicas de quem tem mais experiência, vai procurar fornecedores...
é possível colocar tudo isso no registro mensal de outubro quando chegar a data? Sim. Mas organizar esse evento é algo que vai demandar muitas tarefas e registros e fica difícil organizar tudo isso só lá em outubro. O que fazer então?
Aí é que entram as coleções personalizadas. De modo geral, são aquelas coleções pensadas para o registro de tarefas maiores e que possuem subtarefas. Quase como um registro de projetos, pois as tarefas se relacionam.
E como fazer?
Basta organizar um espaço para isso, atribuindo um nome e listando as tarefas. A coleção personalizada permite que as tarefas ali sejam registradas sem data e sem formato muito específico. Mas ajudam a agrupar as coisas em um só local e de fácil consulta. No caso do exemplo, poderia ser feito assim:
Chá de bebê do Jotalhão
– Nunca fiz um chá de bebê antes. Preciso organizar as ideias!
• Pesquisar sobre como funcionam chás de bebê
– Quais comidas servir?
– Existe algum tipo de ritual?
• Ligar para Ana para pegar dicas e pedir ajuda na organização
• Definir data
– Primeira ou segunda semana?
• Fazer lista de convidados
• Procurar local adequado
Finalizando o post de hoje...
O uso de coleções no método bullet journal é o que permite que você registre desde o seu cotidiano até seus projetos mais complexos, de forma organizada e funcional. Usando esse recurso, tudo tem seu lugar definido, organizando sua rotina. Mas... na medida em que o seu registo vai crescendo, pode surgir uma dúvida: como encontrar rapidamente uma informação específica entre tantas páginas? É aí que entra a próxima peça chave do método: o índice. No próximo post dessa série, vou mostrar como usar o índice e também dar dicar do que pode ser feito para melhorar ainda mais a organização.
Até lá!
** Citações e informações retiradas de:
Carroll, Ryder. O método Bullet Journal: Registre o passado, organize o presente, planeje o futuro, Editorial Fontanar, 2018.






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