Resenha | Voltar para mim (Laura G. Miranda)
- Michelle Leonhardt
- Nov 8
- 4 min read
Hoje trago minhas impressões sobre o livro “Voltar para Mim”, da autora Laura G. Miranda.
Antes de falar sobre a história, preciso falar: eu amei a capa! Sim, ela tem muitos elementos, mas todos eles fazem sentido dentro do enredo. Nada está nessa capa por acaso. É uma capa convidativa, que traduz muito bem o espírito do livro: cheio de camadas, simbólico e, de certa forma, acolhedor.
Ficha da obra:

Título: Voltar para mim
Autor: Laura G. Miranda
Editora: VR
Ano: 2021
Páginas: 502
Título Original: Volver a mí
Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐ (3.5/5)
Sinopse: Gina deseja voltar a ser a mulher que habita o próprio corpo. Aos 45 anos, é excelente profissional, financeiramente estável e tem uma família exemplar. Ela se vê, entretanto, presa num mundo que não a preenche mais e deseja romper essas correntes. É quando decide fazer uma viagem – deixando muitas incertezas naqueles que ficam. Em sua jornada, inevitavelmente será julgada, porém ela sabe que precisa seguir em frente. Reencontrar a si, porque toda mulher merece ser feliz. Voltar para mim, de Laura G. Miranda, é um deleite para quem busca um bom romance, com personagens contemporâneas e inspiradoras, numa narrativa inesquecível.
Sobre a história:
Nessa história acompanhamos Gina, uma mulher de 45 anos que decide fazer uma viagem para se reencontrar consigo mesma. Ela tem uma vida estável: é mãe de três filhos, vive em um bom casamento e tem segurança financeira. Ainda assim, há muito tempo carrega a sensação de que vive para atender expectativas dos outros. Gina fez tudo o que se espera de uma mulher: casou, cuidou da família, trabalhou e foi o alicerce de todos (mas sempre se colocou em segundo plano).
Com os filhos crescidos e um casamento desgastado, começa a se sentir invisível. E, num ato de coragem, decide se separar e embarcar sozinha em uma viagem pelo mundo, sem roteiros nem planos, apenas em busca de se sentir inteira novamente.
Sua decisão, é claro, não é bem compreendida. A família reage de formas diferentes: alguns tentam entender, outros se sentem abandonados. E o que era para ser uma jornada de autoconhecimento passa a reverberar na vida de todos: filhos, marido e até seus pais.
Durante a viagem, Gina vive experiências marcantes e começa, aos poucos, a se enxergar com mais clareza.
Minhas impressões:
Dessa vez, vou trazer minhas impressões na forma de pontos positivos e negativos.
Pontos positivos:
A narrativa é fluida e fácil de se conectar. Adorei ver uma protagonista mais madura, algo que ainda é raro de se encontrar em histórias contemporâneas. A leitura convida o leitor a refletir sobre si mesmo: sobre escolhas, sonhos adiados e a necessidade de se reencontrar em meio às obrigações da vida adulta.
A autora cria uma trama de identificação imediata. Os dramas vividos pelos personagens são cotidianos, reais e possíveis. Mesmo que não tenhamos vivido as mesmas situações, é fácil se ver refletido em algum sentimento ou atitude ali.
Pontos negativos:
Embora Gina seja o centro da história, confesso que me envolvi muito mais com os arcos narrativos de seus três filhos. As jornadas deles me pareceram mais autênticas, mais ancoradas no real. Já a trajetória de Gina, em certo ponto, me soou exagerada e um tanto fantasiosa, o que acabou me distanciando um pouco da personagem, especialmente no desfecho.
Falando no desfecho: achei o final poético e bonito, mas perfeito demais. Depois de uma história que fala tanto sobre as imperfeições da vida, esperava algo menos romantizado. Faltou aquele toque de realidade que tornaria a conclusão mais coerente com o tom do restante do livro.
Outro ponto que me incomodou foi a forma como um tema delicado de abuso (envolvendo a namorada de um dos filhos) foi tratado. Entendo que, na vida real, certas decisões acabam sendo tomadas, mas em uma obra de ficção (com a premissa dessa) esperava uma abordagem um pouco mais responsável. Foi um ponto que me tirou um pouco da história e me incomodou demais. Na minha opinião, merecia mais atenção da autora.
Observações:
O livro contém algumas cenas hot: poucas, mas presentes. A escrita dessas cenas é intermediária: não chega a ser explícita, mas também não é apenas sugerida. Por isso, não recomendaria a leitura para menores de 16 anos.
Conclusão:
Apesar das ressalvas, gostei bastante da leitura. Foi uma experiência reflexiva, que me fez pensar sobre os papéis que assumimos (voluntária ou involuntariamente) e sobre a importância de olhar para dentro.
“Voltar para Mim” é um livro com muitas camadas. Ele nos lembra que crescer, amadurecer e reencontrar-se são processos contínuos, nem sempre lineares, mas sempre necessários.
E, no fim, talvez esse seja o grande mérito da história: nos fazer pensar sobre a nossa própria viagem de volta para nós mesmos.
E você? Já leu Voltar para Mim ou algum outro livro da autora?
Acredita que teria coragem de fazer uma viagem sozinha como a Gina: só você, sua mala e o desejo de se reencontrar?
Me conta nos comentários, vou adorar saber!
Até a próxima.
n. 41






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