De volta para casa | Resenha
- Michelle Leonhardt
- May 25, 2024
- 5 min read
Oi gente, tudo bem?
Hoje trago a resenha de um livro que eu tinha vontade de ler há muito tempo, daqueles que ficou ali esperando pacientemente a sua vez. Sério, meu primeiro contato com esse livro foi lá em 2015 quando eu solicitei ele pelo skoob. Eu lembro que ele demorou uma eternidade para chegar na minha casa. De tanto esperar eu acabei me envolvendo com outras leituras e deixei ele de lado.
Só que aí eu acabei me desfazendo dele (não lembro o motivo agora) e a vida seguiu. Ano passado eu vi que ele estava bem baratinho em uma promo na sua versão eBook e decidi comprar. Como eu já morei no estado da Georgia durante um intercâmbio, tive vontade de ler uma história que se passa por lá e me lembrar dos momentos dessa parte da minha vida.

Título: De volta para casa
Autor: Karen White
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013 (Brasil)
Páginas: 448
Gênero: Ficção, romance.
Título Original: Falling Home
Este livro é o primeiro de uma duologia.
Minha avaliação: ⭐⭐⭐ (3/5)
Sinopse: Cassie Madison fugiu de Walton, Geórgia, para Nova York quando soube que sua irmã, Harriet, e seu amor, Joe, a tinham traído e iam se casar. Ao chegar em Manhattan, sua ideia era se reinventar, mergulhar de cabeça na carreira e até mesmo perder o sotaque provinciano. Tudo para apagar seu passado marcado pela traição e por uma família que não lhe tratara com o devido cuidado. Mas, numa noite, um único telefonema de sua irmã trouxe de volta tudo o que ela pretendia esquecer. Com o pai muito doente, ela foi obrigada a fazer a viagem de volta e, enquanto arrumava as malas, seus maiores medos eram que o pai morresse sem que ela pudesse estar com ele e… encontrar a família feliz que Harriet e Joe tinham construído. Já em Walton, Cassie percebeu que enfrentaria uma imensa batalha particular, porque, afinal, ela não conseguia deixar de amar seus sobrinhos - e nem deixar de se sentir em casa, naquela cidadezinha de sua infância. Enquanto se dividia entre o rancor e a esperança, velhas e queridas lembranças e uma mágoa insustentável, o destino arrumaria uma forma de aproximá-la do que realmente importa: o verdadeiro amor.
A protagonista dessa história é Cassie, uma mulher que fugiu de casa há 15 anos após saber que sua irmã e seu então noivo haviam fugido para se casar. Tomada por um sentimento de raiva, abandono e rejeição, Cassie se muda para Manhattan e começa a construir uma nova vida para si mesma, bloqueando completamente toda sua relação com seu passado no interior do estado da Georgia.
Hoje Cassie tem um noivo, uma carreira e uma vida estabelecida na cidade grande. O único vínculo que ainda mantém com suas raízes é o contato com o pai com quem conversa ao vivo uma vez por ano. O detalhe é que esse contato sempre acontece longe da cidade e da casa da sua infância. É através do pai que Cassie toma conhecimento de como estão as coisas com o resto da família.
Só que um dia ela recebe uma ligação da irmã Harriet dizendo que o pai está doente, prestes a morrer, e que ela precisa que Cassie volte para casa uma última vez. Cassie, lógico, entende que precisa ir ver o pai e, apesar de tudo, decide fazer a viagem.
"Somente más notícias chegavam às três da madrugada. nascimentos e casamentos eram sempre anunciados à clara luz do dia. Notícias ruins vinham à noite, quando o Sol se vestia de luto." (pg. 10)
Ela ainda guarda as mágoas do que aconteceu e pretende que a ida para a cidade interiorana de Walton seja breve. Ela sabe que terá que lidar com Harriet e Joe e também com seus cinco sobrinhos, fruto do relacionamento da irmã com o ex-noivo.
Chegando em Walton, Cassie é invadida por um turbilhão de sentimentos e emoções. Ela reencontra muitas das pessoas de seu passado e acaba por ter que lidar com uma série de questões internas, superando o rancor e descobrindo algumas coisas sobre seu pai que ninguém sabia.
"A vida é cheia de decisões, e não há um livro de regras para lhe dizer como fazer. Você toma a melhor decisão possível no momento, e lida com o resto." (pg. 392)
Opinião
É até difícil falar sobre esse livro e confesso que eu nem ia escrever nada sobre ele aqui, até porque eu avaliei com apenas 3 estrelas, mas ele esteve tanto tempo presente nos meus pensamentos que decidi escrever.
"Disse que a terra da Geórgia sempre estaria grudada na sola de meus sapatos, independentemente de quantas aulas de oratória eu fizesse" (pg. 16)
Essa história se passa na georgia, no interior. Esse foi o ponto que me chamou atenção desde o começo por motivos de puro saudosismo. Eu também morei um tempo na georgia, quando tinha por volta de 19/20 anos. E em uma cidade bem pequena, praticamente uma comunidade, exatamente como a descrita no livro. Lá onde eu morei todo mundo conhecia todo mundo, literalmente. Fui buscar informações atuais e descobri que no censo de 2020 a cidade possuía 5,026 habitantes somente.

O livro tem uma série de pontos positivos: ele não tem foco puramente no romance romântico. Isso porque em uma certa altura da história, Cassie encontra umas cartas antigas do pai com um segredo. Ela e a irmã passam a investigar sobre esse lado recém descoberto do pai e isso tira um pouco daquele foco romântico. Essas passagens do mistério eu gostei demais. A cada capítulo eu realmente torcia para que as passagens onde esse ponto era explorado chegassem logo.
Também gostei da parte em que o livro explorou a aproximação de Cassie de seus cinco sobrinhos, que ela nunca havia conhecido pessoalmente nesses anos todos. A construção da relação entre eles foi bem legal. Principalmente porque fez Cassie ser obrigada a avaliar melhor o seu próprio passado e a sua relação com a irmã. O arco secundário da irmã também me tocou bastante.
"Descobri que a vida não era só trabalhar e ganhar dinheiro. Queria um lugar onde pudesse formar raízes. Fazer parte de uma comunidade. Criar uma família num ambiente tranquilo." (pg. 139)
Agora vamos para os pontos negativos. Eu não gosto de histórias cujo foco é o romance romântico onde o desenrolar da história é focado fortemente em um casal que vai desenvolvendo a relação até chegar ao "felizes para sempre". Teve isso nesse livro? Siim, teve. Mas, como eu falei antes, teve outros arcos que prenderam bastante minha atenção.
Então porque a nota neutra? Bem, o motivo é que apesar da ambientação e dos arcos secundários me chamarem muita atenção, eu não me senti envolvida pelos personagens centrais. Eu não gostei da Cassie. Também não gostei do par romântico dela.
Não sei explicar bem, mas tenho a impressão de que o livro abordou muitas temáticas (mistério do pai, luto pelo pai, aproximação de Cassie da sua antiga vida e comunidade, o arco da irmã, a necessidade de se prender na vida de Manhattan e o novo romance) e não aprofundou em nenhuma. Cassie foi uma protagonista que mudou diversas vezes de opinião e nem sempre as mudanças bruscas foram justificadas. Ela acordava cada dia pensando uma coisa e tomava umas atitudes bem infantis considerando tudo que acontecia em paralelo na vida dela. O par romântico dela era tão perfeito quase que o tempo todo que acabou me deixando um pouco irritada. O fato é que não existe pessoa assim como ele. Talvez por eu não ter gostado dela e nem dele, achei que a química era inexistente. Eu, que já não gosto de romance romântico, achei o casal bem blasé.
Apesar de tudo isso, eu fiquei feliz de ter dado uma chance a esta leitura. A ambientação fez absolutamente valer a pena ter me dedicado a ela e me trouxe memórias bem gostosas do meu passado. E você, já leu? O que achou?
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