Terra Americana | Resenha
- Michelle Leonhardt
- Jun 23, 2023
- 4 min read
Hoje eu estou aqui para resenhar o livro “Terra Americana” da Jeanine Cummins, publicado em 2020 no Brasil pela editora Intrínseca.
Antes de falar mais sobre o livro, preciso dizer que vi muitas críticas sobre a forma como a autora retrata o povo mexicano e a cultura no decorrer da história e nas suas entrevistas. Li muitas reflexões de pessoas falando que a autora foi arrogante, que criou uma trama com viés muito hollywoodiano, que nunca colocou os pés no México e não pode se considerar voz de um problema que nunca viveu. De fato, ela realmente se colocou em uma posição de julgamento pois deu algumas declarações fortes e tal, mas vou confessar que eu decidi ler o livro assim mesmo já que eu não posso julgar esse contexto. Absolutamente nada nessa trama remete ao meu dia a dia e não conheço a cultura mexicana. Tudo que eu conhecia sobre esse universo da história era oriundo de filmes, novelas e documentários da TV.
Mas vamos lá... nessa trama acompanhamos Lydia, uma mulher que teve 16 integrantes de sua família assassinados no meio de uma comemoração de 15 anos já que seu marido Sebastián publicou uma matéria em um jornal na qual ele entrega quem é o verdadeiro controlador do cartel de drogas da cidade de Acapulco, no México. Lydia sobrevive junto com seu filho Luca, um garoto de 8 anos, e ambos são obrigados a fugir pois o narcotraficante mais importante do cartel local está em busca de vingança.
A partir daí vamos vivendo e acompanhando os cerca de 20 dias da fuga de Lydia e Luca para os Estados Unidos. Acompanhamos não só a fuga física em si, mas também os pensamentos, dúvidas e sentimentos de Lydia, Luca e as demais pessoas que eles vão encontrando pelo caminho.
Ficha técnica:

Título: Terra Americana
Autor: Jeanine Cummins
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Páginas: 416
Gênero: ficção
Título Original: American Dirt
Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐ ❤️
Sinopse: Em uma agradável vizinhança de Acapulco, um massacre. Uma chacina vitima dezesseis membros de uma mesma família, durante uma festa de quinze anos. Os únicos sobreviventes são Lydia e seu filho Luca, de oito anos. O marido de Lydia, Sebastián, foi o jornalista responsável pelo perfil jornalístico do homem que controla o cartel de drogas mais poderoso da cidade. E agora, como a maioria dos seus parentes, ele também está morto.
Lydia acredita ter sua parcela de culpa. O homem gentil e erudito que passou a frequentar a livraria que ela administra não é apenas um sujeito de meia-idade interessado em literatura. É Javier, o narcotraficante que comanda o cartel.
Agora, Lydia sabe que precisa fugir com seu filho para muito longe e o mais rápido possível. Instantaneamente transformados em migrantes, os dois dão início a uma longa jornada em direção aos Estados Unidos, aparentemente o único lugar que o poder de Javier não alcança. À medida que se juntam às inúmeras pessoas que tentam uma vida melhor fora do país, e enfrentam todos os obstáculos e perigos dessa viagem que deixa uma infinidade de vítimas pelo caminho, Lydia descobre que todos ali estão fugindo de algo.
Repleto de suspense e impactante, Terra americana tem personagens cativantes, cujas histórias fazem refletir sobre o heroísmo e a generosidade das pessoas que arriscam tudo para ter um lugar em que possam viver com dignidade.
Opinião
Gente... apesar das críticas de outras pessoas, adorei ter decidido apostar na leitura. Fiquei viciada nesse livro, de verdade! Eu ouvi essa obra em inglês, através de audiolivro e achei muito bem narrado. Acho que isso contribuiu muito para a minha experiência. Já no primeiro capítulo eu não estava querendo largar. O livro realmente começa bombástico e eu gostei muito da forma como foi escrito pois achei bem ágil. Além disso achei os flashbacks bem colocados dentro do contexto, fazendo dessa obra uma trama bem linear, bem fácil de acompanhar. Um aviso importante a se fazer é de alerta de gatilho: o livro tem muita violência sim e tem cenas bem fortes, mas é muito interessante.
Vou dizer que tenho algumas pequenas ressalvas, mas essas ressalvas são realmente muito pequenas considerando o modo como o livro me prendeu. Uma delas é o final que eu achei um pouco corrido e a outra é sobre a inserção de alguns personagens na reta final que só serviram para continuar a manter o nível adequado de tensão na trama, mas claramente foram inseridos para que nada "mais grave" acontecesse com as personagens principais perto do desfecho.
Consegui me conectar com quase todos na trama, obviamente não pela identificação imediata já que não vivi nada disso que acontece na história, mas pela empatia que, para mim, foi vindo naturalmente. Principalmente quem é mãe já vê muita coisa pelos olhos de Lydia e fica pensando se, no lugar dela, faria as mesmas escolhas.
Eu demorei mais que o normal para terminar esse livro mas eu fui procurando pesquisar paralelamente sobre os locais e as coisas que aconteciam no decorrer da história. Procurei mapas e matérias na internet, além de fotos sobre as cidades que eles passavam pois eu realmente queria imaginar cada detalhe e queria saber se aquilo tudo refletia pelo menos um pouco da realidade.
Sobre as críticas até entendi que existem outros autores latino-americanos que talvez tenham escrito histórias parecidas, mas... esses autores não chegam na maioria dos leitores em nível mundial e isso não é culpa nenhuma da autora. Para mim ele levou o status de favorito..






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