Resenha | O Hóspede Noturno (Heather Gudenkauf)
- Michelle Leonhardt
- Sep 5
- 4 min read
Hoje é dia de postar sobre uma leitura que me surpreendeu bastante. Sabe aquele tipo de livro que te deixa preso, com vontade de montar o quebra cabeça?

Título: O Hóspede Noturno
Autor: Heather Gudenkauf
Editora: Alta Novel
Ano: 2023
Páginas: 336
Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐ (5/5)
Sinopse: Escritora de romances baseados em crimes reais, Wylie Lark não se importaria de ficar presa por causa da neve na isolada casa de fazenda onde ela se recolheu para escrever seu novo livro. Um fogo acolhedor, o silêncio completo. Seria perfeito se não fosse o fato de que, décadas antes, nessa mesma casa, duas pessoas foram brutalmente assassinadas e uma garota desapareceu sem deixar rastro.
À medida que a tempestade piora, Wylie se vê confinada dentro da casa, assombrada pelos segredos contidos entre as suas paredes - assombrada por seus próprios segredos. Então, logo ali fora, ela encontra uma criancinha na neve. Trazendo-a parta dentro e lhe oferecendo calor e segurança, ela comeca a buscar respostas. Contudo...
Esse livro me chamou muito a atenção pela capa. Eu tenho um certo fascínio por capas e histórias que se passam em ambientes gelados, em casas isoladas, no meio de nevascas. Na verdade o frio é um elemento que me atiça de cara para querer ler um livro. Nem preciso dizer que a sinopse me deixou curiosa, mas foi a capa que me conquistou direto. Sim, eu leria esse livro somente pela capa.
Um pouco mais do enredo:
A premissa toda aqui é o de uma escritora que se isola para terminar um livro de true crime. Nada mais interessante que se esconder em uma casa onde um crime realmente aconteceu, né? Pois então... ela está escrevendo sobre esse crime e tudo está indo muito bem até que, no meio de uma nevasca, ela encontra uma criança no seu quintal. Quase congelando! O que fazer?
O que qualquer um faria, claro. Ela pega a criança e coloca para dentro de casa com a intenção de protegê-la até que possa procurar ajuda. Acontece que uma criança não pararia sozinha no quintal dela já que ela está em uma fazenda, rodeada por milharais, afastada dos vizinhos. Quem trouxe essa criança? De onde ela veio? Investigando pelos arredores da propriedade ela encontra um carro acidentado e uma mulher desacordada. Sem ter como levar a mulher para casa, ela decide voltar e se preparar para então buscar a mulher. Mas... quando ela volta, a mulher desapareceu.
Acompanhamos o desenrolar dessa história em três diferentes momentos:
O primeiro momento se passa nos anos 2000 e vai desenrolando o crime todo sobre a qual Wylie está escrevendo nos dias atuais. Uma garota de 12 anos presencia o assassinato de seus pais, mas consegue fugir. Nessa narrativa, acompanhamos tanto o crime quanto a investigação. Logo no início nós já sabemos quem morreu, mas não sabemos quem matou e vamos juntando os pontos tentando entender tudo.
Nos dias atuais, acompanhamos Wylie passando pela nevasca e acolhendo a criança em casa. Como nos clichês, é claro que vai faltar luz e o telefone não vai funcionar, então Wylie vai lutar contra o clima, além de entender quem é a criança e a mulher que ela encontra.
Além de intercalar em capítulos esses dois momentos, acompanhamos também uma mãe e sua filha, que vivem trancadas no porão de uma casa, recebendo a visita do pai/marido em alguns momentos. É ele que provê comida e sustento a elas, mas ele também faz da vida delas um inferno. Não sabemos quem são essas pessoas e nem em que momento da história elas estão, anos 2000 ou dias atuais.
Claro que, como em todos os livros que intercalam situações no tempo, essas vidas vão se cruzar. Eu não vou dizer como isso acontece, claro.
Impressões
Esse livro é viciante. Todas as linhas temporais despertaram meu interesse quase que de imediato. A maneira como as cenas são escritas parece filme, sabe? Quando o clima de tensão se instala. As cenas são muito bem escritas para provocar arrepios no leitor. A ambientação é quase personagem da história, ela ajuda muito a criar o clima perfeito para instigar. Eu realmente gostei muito desse ponto.
A trama da criança e da mulher no porão é meio sufocante. Eu me sentia ali com elas: vivendo sem saber o que acontece no andar de cima, sem saber se vai receber o pai hoje ou não. Se ele vai estar de bom ou mau humor.
A trama da casa é de medo, nem tanto de tensão. Wylie está isolada, no meio de uma nevasca, sem recursos de telefone ou luz. E tem na casa dela uma criança que ela não sabe se alguém está procurando ou não, nem o que fazer com ela.
Eu senti inclusive uma dualidade aqui: a trama do porão me passou um medo bem concreto. O inimigo estava logo ali na casa, em outro andar. A trama da Wylie me passou um medo mais psicológico, onde o inimigo a gente não sabe direito quem é, se é o clima, se é alguém que vai aparrecer atrás da criança, se é a própria criança.
A trama do assassinato em si eu acompanhei sem medo, mas com muita curiosidade. Quem matou e por qual motivo? Aliás, adorei que a história me proporcionou diferentes sensações, achei isso bem legal da escritora.
Vale a pena?
Sim, vale a pena. É aquele tipo de livro que te deixa preso, querendo saber o que vem pela frente, tentando encontrar pistas. A atmosfera toda de gelo cria um clima de tensão bem interessante.
Para mim, esse livro foi mais do que um suspense, mergulhando em temas mais profundos e um pouco mais sombrios como trauma e violência, por exemplo. Além disso, é um thriller que prende do início ao fim, equilibrando tensão psicológica e mistério. Uma leitura que entrega algumas reviravoltas e que coloca o leitor em uma atmosfera bem inquietante.
Era isso por hoje!
Até a próxima.
n.38






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