A empregada | Resenha

Hoje estou com as impressões de um livro que recém foi lançado e que eu acabei passando na frente de todos os outros aqui de casa, tamanho o falatório em torno desse lançamento. Bora lá acompanhar minhas impressões? Então vamos...

Título: A empregada: Bem-vinda à família

Autor: Freida McFadden

Editora: Arqueiro

Ano: 2023

Páginas: 304

Gênero: Thriller

Minha avaliação: ⭐⭐⭐⭐ (4/5)

Sinopse: Todos os dias, Millie limpa a casa de Nina e Andrew Winchester de cima a baixo. Pega a filha deles na escola. Prepara refeições deliciosas para a família toda antes de poder se recolher e enfim comer o próprio jantar, sozinha em seu quarto minúsculo e claustrofóbico no sótão.

Quando Nina passa a sujar todos os cômodos de propósito só para assisti-la limpar, Millie tenta não perder a cabeça. Quando ela conta mentiras perturbadoras sobre a própria filha e tortura psicologicamente o marido, que parece mais e mais fragilizado, Millie tenta ignorar.

Afinal, com seu passado problemático, ela tem mais é que agradecer por ter conseguido esse emprego.

No entanto, ao olhar bem dentro dos lindos e doces olhos de Andrew e ver o sofrimento contido neles, Millie não consegue deixar de imaginar como seria ter a vida de Nina. O closet cheio de roupas, o carro elegante, o marido perfeito.

Logo os Winchesters vão descobrir que não fazem a menor ideia de quem Millie é de verdade. Nem do que ela é capaz de fazer...

Seguindo bem o que diz a sinopse, o livro se propõe a acompanhar o desenrolar das histórias de Millie e Nina, a partir do momento em que a vida de ambas se cruza, ou seja, a partir do momento em que Millie é contratada como empregada na casa de Nina Winchester, seu marido Andrew e sua filha Cecelia.

Acontece que Millie é uma personagem com um passado conturbado, uma ex presidiária, que, sob liberdade condicional, precisa se sujeitar aos caprichos de sua patroa para que possa finalmente reconstruir sua vida e obter a tão sonhada liberdade plena. Ela, inclusive, está decidida a fazer isso.

"A única coisa que eu quero é começar de novo. Vou me matar de trabalhar se for preciso. Vou fazer tudo que puder." (pg. 28)

Já Nina, sua nova patroa, é uma mulher difícil, ora ela está bem-humorada, ora está fazendo da vida de Millie um inferno. Nina frequentemente muda de humor, pede coisas que depois diz que não pediu, passa informações confusas para Millie, entre outras atitudes perturbadas. Millie se sujeita a tudo pois precisa e quer realmente seguir a vida.

"Às vezes parece que Nina tem dupla personalidade. Ela vai de oito a oitenta muito depressa. Diz que estava brincando, mas não tenho tanta certeza. Mas não importa, na verdade. Não tenho outras perspectivas, e este trabalho é uma bênção." (pg. 40)

E é na dinâmica do dia a dia dessa família que toda a trama acontece. Acompanhamos Millie e sua adaptação na casa que agora reside como empregada, tentando esconder seu passado sombrio enquanto começa a se relacionar de diferentes maneiras com cada integrante da família.

Ao mesmo tempo, o enredo mostra a adaptação da família, a suposta “família perfeita de comercial de margarina”, à presença dessa nova empregada. Andrew, o marido, parece gostar bastante da nova residente da casa – enquanto Nina e Cecelia apenas lidam com ela.

"Homens são um terreno em que ainda estou aprendendo a transitar na minha vida pós-cadeia. E, por "aprendendo", é claro que quero dizer que estou evitando o assunto por completo." (pg. 68)

Quando o relacionamento entre Millie e Andrew se afasta da esfera profissional e toma contornos românticos, a vida de todos os integrantes dessa família será impactada, causando uma série de contratempos que colocarão a vida de algumas pessoas em diferentes formas de risco. E é aqui que eu paro meus comentários sobre a sinopse para evitar spoilers, né?

Narrado sob duas perspectivas diferentes, primeiro acompanhamos todos os acontecimentos dessa conturbada relação inicialmente pela visão de Millie e, após, pela visão de Nina, até o seu desfecho final, cercado de reviravoltas e surpresas, até a última página.

Opinião

Preciso dizer que tive sentimentos bem distintos durante a leitura do livro. Amei e odiei cada personagem com bastante intensidade, por vezes amando e odiando um mesmo personagem em menos de 10 páginas de diferença.

Como ponto positivo, achei o livro muito bom em termos de escrita, de caracterização de personagens e de fluidez. Realmente, é um livro que me prendeu desde o comecinho, a construção da dinâmica e dos personagens é bem gostosa de acompanhar e o nível de tensão é constante, sempre há algo instigante acontecendo, alguma coisa que nos motiva a saber o que está por vir.

Como ponto negativo, no entanto, está o fato de que a fórmula em si não é nova. Quem é leitor habitual do gênero vai pegar muita coisa já bem no início. Sim, existem outros livros muito semelhantes e recentemente publicados.

Apesar disso, acho que o saldo ainda é bem positivo pois é uma história cuja tensão não está necessariamente na fórmula principal, e sim, como mencionado anteriormente, nos pequenos acontecimentos pontuais que são inseridos no decorrer de toda a trama, criando o clima perfeito de amedrontamento, receio, susto e tensão – que engrandecem demais a experiência de ler o gênero.

Na minha opinião, trata-se de um excelente livro para quem está tentando iniciar no gênero e uma diversão para quem já tem mais experiência.

"Ele sussurra uma palavra em italiano, mas, assim que ouvimos alguém começar a destrancar a porta da frente, Enzo corre de volta para onde estava agachado no jardim e de repente parece muito ocupado. Mal consegui entender a palavra que ele disse. Pericolo. Seja lá o que for." (pg. 34)

O fim do livro solta um spoiler do rumo que esse enredo vai tomar, especialmente para a nossa protagonista Millie. Sim, teremos a continuação publicada no Brasil em breve. Ansiosos?