O pequeno caderno das coisas não ditas (Clare Pooley)
- Michelle Leonhardt
- Mar 22
- 3 min read
Mais uma postagem sobre livros que li faz algum tempo, mas que me marcaram de algum modo. Hoje eu resolvi falar de um livro que, além de um ótimo entretenimento, apresenta uma reflexão interessante sobre a vida e as nossas escolhas.

Eu li esse livro em 2023 (nem faz tanto tempo assim) e, antes de publicar esse post, resolvi dar uma olhada nas resenhas de outras pessoas a respeito dele. Percebi que nem todo mundo acha o livro tão bom quanto eu achei. Tudo bem, essa série é sobre leituras que ME marcaram, então vou dar minha opinião bem sincera:
Eu simplesmente amei essa leitura. Já comecei gostando da premissa (meio estilo aquele filme corrente do bem) e me surpreendi positivamente mesmo sabendo que o livro teria alguns dos clichês famosos do gênero.
Nele temos a história de Julian Jessop, um artista excêntrico e solitário, que acredita que as pessoas não são realmente honestas umas com as outras. Aí, em um certo momento, ele resolve escrever a verdade sobre a própria vida em um caderno verde e o deixa em um café do bairro. O caderno é então encontrado por Mônica, que adiciona sua história e resolve deixar o caderno em um bar do outro lado da rua.
E assim a história vai acontecendo e cada pessoa que encontra o caderno resolve também escrever as suas verdades. Claro que chega uma hora em que alguém decide ir procurar quem é a pessoa que escreveu antes dela e lá pelas tantas esse pessoal acaba por se encontrar.
É uma premissa bem simples, mas achei que foi executada de forma encantadora.
Acho que a grande sacada desse enredo é que o livro trata de pessoas reais, que relatam problemas reais e bem plausíveis. Consegui me identificar com absolutamente todos os personagens principais (sim, até os mais escrotos). Se eu for realmente autêntica comigo mesma posso ver que há alguma coisa de cada um dos personagens (Mônica, Julien, Alice, Hazard, Riley, Lizzie) em mim.
Pode não ser algo marcante, mas há (ou já apareceu em algum momento ou pensamento durante alguma das fases da minha vida). Mais do que isso, acho que é uma história que mostra uma forma de recomeço a todos que dela participam (sejam recomeços bons ou ruins). E o decorrer da nossa vida todinha é feito deles, diariamente, cada minuto uma escolha e cada escolha uma renúncia. Quem nunca teve um pensamento de que poderia ter sido, feito, escolhido diferente que jogue a primeira pedra. Quem não tem umas verdades que não conta pra ninguém escondidas dentro de si que jogue a primeira pedra.
A escrita é ótima, capítulos curtos e algumas vezes mostrando pontos de vista de diferentes personagens sobre a mesma cena. Sim, algumas partes e plots são um tanto previsíveis. Eu sabia com quem Monica iria terminar justamente por ter os clichês. Eu fui capaz de entender o que seria o destino de Alice justamente pelos clichês.
Mas o mais interessante: eu não fui capaz de prever o plot twist de Julian, apesar dos clichês. Ainda assim, prevendo ou não, cada personagem ali cresceu, foi obrigado a encarar fatos, foi obrigado a encarar dificuldades, verdades e mentiras e escolhas. Principalmente elas.
Enfim, se eu trouxe aqui uma leitura antiga é porque eu recomendo. Mas quem for ler sem estar disposto a encarar suas próprias verdades escondidas pode achar chato.
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